Que a gente sonhe coletivamente!

Que a gente sonhe coletivamente!
por Camille Seaman

Durante alguns segundos, antes de seguir nos próximos parágrafos deste texto, quero te convidar a pensar sobre a seguinte pergunta: como seria a empresa dos seus sonhos?

Eu, como boa sagitariana, sou um tanto sonhadora! Me lembro bem do momento em que assumi um cargo de liderança, há alguns anos, e refletia sobre tudo que gostaria de implementar ali: processos claros, melhores remunerações, reconhecimento, liberdade, ambiente agradável…

Claro que, com o passar o tempo, percebi que temos que ter uma boa dose de adaptabilidade em relação a nossos sonhos mais genuínos. Mas nem as maiores doses de realidade corporativa me roubaram a alegria de aspirar novas formas de viver o trabalho.  

A empresa dos meus sonhos é conectada (com as pessoas, a sociedade, o meio ambiente…), oferece dignidade (tempo, remuneração justa, quantidade de trabalho compatível com as demais demandas da vida…), tem diversidade, autonomia, relações saudáveis e alegria. É um lugar humano, em que saúde emocional é só a consequência de um ambiente de trabalho que seja frutífero o suficiente para que as pessoas possam florescer. 

A OMS definiu saúde mental assim: “Um estado de bem-estar em que o indivíduo está ciente de suas próprias habilidades, pode enfrentar as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de contribuir com a sua comunidade.”

Essa visão é tão bonita porque tem os pés na realidade. Ela não diz que cultivar equilíbrio tem relação com não enfrentarmos problemas, mas sim que possamos ter condições de lidar com aquilo. Além disso, menciona a importância do florescimento e de reconhecermos o que temos para oferecer. Um caminho de começa no indivíduo e culmina no coletivo.

Numa recente pesquisa que fizemos, “Tudo que você gostaria que seu RH soubesse”, investigamos 4 pontos essenciais para a saúde emocional no trabalho: burnout, relações, sentido do trabalho e empresa dos sonhos. Sobre esse último tema, descobrimos algo que dialoga com a definição da OMS.

A pesquisa tinha uma pergunta em que o participante poderia escolher quatro itens que seriam imprescindíveis em uma organização na qual gostaria de trabalhar. Os que aparecem como mais importantes são flexibilidade no horário de trabalho, sentir que tenho um trabalho significativo, liderança parceira e ambiente acolhedor aos erros e acertos.  Esses pontos têm tudo que precisamos para enfrentar dificuldades, florescer e contribuir com as pessoas ao redor.

Camille Seaman

Ou seja, uma empresa que quer cuidar da saúde mental deve, sim, oferecer palestras, aulas de yoga e acompanhamento médico para as pessoas. Mas isso só será efetivo se promovido em um ambiente saudável, digno, humano. Em outras palavras, precisamos começar a fazer a pergunta de forma mais profunda.

Ao longo dos últimos quatro meses, Isabella e eu estamos imersas nessa investigação e, infelizmente, não temos boas notícias. A saúde emocional das empresas brasileiras está no CTI.

A notícia positiva é que existe tratamento. Talvez a cura seja um pouco utópica (ainda!). Mas entre a utopia e o insuportável há um caminho do meio, um cuidado paliativo. Sabemos que ele não resolve o problema como numa mágica, mas pode melhorar (e muito) a qualidade de vida das pessoas.

ouça o episódio aqui!

Conversamos sobre isso no último episódio da série “Tudo que você que seu RH soubesse”. Chegamos ao final desta temporada com a motivação ainda mais viva de poder apoiar empresas na tarefa cultivar esse olhar. E de não perdermos a capacidade de sonhar coletivamente!

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