Se você lê esse texto agora, em março de 2020, você sabe do que estou falando. Não se fala em outra coisa: o Coronavírus chegou ao Brasil e promete parar nossas vidas pelos próximos tempos.
Para além de conversar sobre as consequências da Covid-19 na saúde pública ou na economia, o que podemos agora oferecer aos que nos cercam é uma espécie de abraço virtual nesses tempos de medo e ansiedade.
Há alguns dias, observamos um padrão interessante nos movendo ao lidar com essa questão. Estamos, novamente, extremados: entre a negação da situação atual e a piração do álcool gel. E entre estes extremos, são poucos os exemplos de pessoas sensatas e cautelosas, que estão estudando as consequências e podem nos abastecer com informações confiáveis.
Pipocam vídeos de médicos e leigos dizendo que não é nada. Os mercados estão lotados, com prateleiras esvaziadas. O presidente desobedece as indicações de seu próprio Ministro da Saúde. Algumas escolas fecham, outras se mantém alheias. E aí? No meio dessas informações desencontradas, entre os que dizem “é só uma gripe” e os que pedem para que a gente estoque papel higiênico, como podemos nos manter sãos em meio à essa loucura?
Separamos aqui um trechinho de uma aula do nosso curso online que fala sobre o que fazer na hora da emoção. Um guia para não nos metermos em enrascada na hora do surto, em que estamos tomados pelo que sentimos. Como os próximos tempos parecem tão incertos, adaptamos aqui 3 dicas do nosso S.O.S. que podem nos ser muito úteis.
S.O.S.: dicas para esses tempos difíceis
1) Procure estar em rede
Essa primeira dica, tão simples quanto essencial, no nosso curso online tem outra cara. Chama “Ligue para um amigo e peça ajuda”. Sim, é isso mesmo que instintivamente, se tivermos sorte, eu e você já fazemos quando estamos morrendo de raiva, de ódio, de ciúme…
No entanto, se as aulas forem mesmo completamente suspensas, as pessoas dispensadas de seus trabalhos e os encontros inviabilizados por conta da pandemia, talvez seja mais difícil se encontrar com seu amigo quando você estiver se sentindo com medo e com ansiedade.
Por isso, estar em rede amplia essa ideia de encontrar o amigo, para sabermos que estamos todos muito juntos nessa. Os próximos dias serão de incerteza para todos: quem tem dinheiro na bolsa e quem deve no banco. Quem é autônomo ou empregado… Conversar com quem nos cerca, pode nos trazer a sensação de estarmos juntos, mesmo que de longe — como os italianos cantando de suas sacadas.
No prédio da Nathália, um recado no elevador chamou a atenção dela. Lúcia se oferece para ajudar os vizinhos idosos e com doenças crônicas que podem precisar de auxílio. Que baita exemplo! Nossa rede vai muito além de amizades!
2) Mude a paisagem interna
Não sei vocês, mas quando estou bitolada em um só assunto, percebo que entro num looping de saber mais e mais sobre aquilo. Rolo o feed no Twitter incessantemente, acho um ótimo especialista a toda hora, recebo um vídeo que sei que é cilada, mas me sinto na obrigação de vê-lo.
Quando estamos tomados por uma emoção, essa dica de “Mudar a paisagem” vale ouro. É perceber que o ambiente da sua casa está piorando o fato de você estar triste e sair para uma caminhada. É entender que o escritório está te sufocando e ir tomar um café. Mas, numa possível quarentena, temos mais um desafio incrível pela frente: mudar de paisagem internamente.
Para mim, é um baita exercício de autorregulação perceber que isso de estar sedenta por notícias só me causa mais ansiedade — e tomar a decisão de fazer outra coisa. Soltar o celular, trabalhar sem pausar de hora em hora para saber a última besteira dita pelo presidente ou sem checar o feed infinito de notícias.
Eleger uma fonte de informação segura é o que mais tem me ajudado. Elegi o Átila Iamarino, biólogo, estudioso e um excelente comunicador. Vez ou outra vou ao perfil dele e é por lá que me informo, sei que ele traz o que é relevante. Isso tem me ajudado a não me perder nessa sede infinita por mais informações. Mudar a paisagem interna é muito mais difícil do que dar uma volta na pracinha, mas vamos seguir tentando.
3) Tente não agir pela emoção
Todo nosso trabalho acerca das emoções é basicamente para esse momento: não agir pelo que sentimos. Paul Ekman diz que, quando estamos tomados por uma emoção, estamos no período refratário. Nele, quem manda é o medo, a raiva, a inveja… A emoção que estiver se manifestando! Não é difícil perceber isso, basta lembrar da última vez que depois de ter agido por um impulso, nos arrependemos, pois magoamos alguém ou ferimos nossos princípios.
Nesses momentos difíceis, percebemos como as emoções dos outros se refletem na gente também. Ao ir ao mercado e ver pessoas com carrinhos lotados, isso pode me causar medo e me fazer estocar alimentos por aqui também (mesmo que eu saiba que não tenho essa necessidade).
Por isso, esse é um ótimo momento para notarmos que recursos temos colecionado para esses momentos difíceis. Como costumo lidar com o medo? O que me ajuda, o que me atrapalha? Por que só saber, entender e ler a teoria das emoções não me ajuda a lidar com o medo e a ansiedade do momento?
Me ajuda muito ter bons exemplos emocionais por perto. Já citei aqui a bondade da Lúcia, do apartamento 61, o Átila Iamarino e sua honestidade intelectual ao tratar do atual momento. E cito também a Ana Cláudia Quintana Arantes, que escreveu um texto lindo no Instagram e nos auxilia, assim, a olhar para o que realmente importa.
O que vai ajudar a acalmar nossos ânimos é certamente estar aqui para os outros. Olhar para eles. Se reconhecer em cada um. Nem que seja ao optar ficar em casa para que o vírus não se espalhe. Fazer um pouco pelo outro nos liberta da tirania de nós mesmos.
Se estamos com medo ou ansiedade, podemos começar a colecionar recursos para lidar com essas emoções, a curto e a longo prazo. Deixei aqui algumas breves dicas que têm me ajudado, mas se essa conversa te interessa, na semana que vem começamos uma nova turma, completamente online, do curso das emoções.
O momento não é para propaganda, mas queremos muito, juntamente com as 60 pessoas do Brasil e do mundo que já estão conosco, começar a cultivar recursos para nos mantermos um pouquinho mais estáveis nessa vida tão caótica. Se isso faz sentido para você, é só chegar: ocursodasemocoes.com.br
já ouviu nosso podcast?
No podcast das emoções, conversamos sobre o que sentimos de um jeito divertido e em primeira pessoa, usando para isso músicas incríveis. Ciúme, raiva, ansiedade, medo, inveja, saudade, alegria, culpa e muito mais! Ouça no Spotify ou com um clique no seu navegador!
Amei essa forma de falar das emoções, abrindo o coração deixando fluir os sentimentos e as experiências de vida é formas de lidar…
Parabéns…
Sou psicóloga à 25 anos e essa ação de vocês me fez sentir muito bem…