O ano em que perdemos Paulo Gustavo e Marília Mendonça foi também o de celebrar Rebeca Andrade e Rayssa Leal. Tristeza, alegria, medo, raiva… As notícias emocionais que mandamos toda sexta lá no nosso canal do telegram nos inspiraram a fazer uma retrospectiva de 2021, só que sobre emoções.
Vamos reunir neste texto uma curadoria das notícias que mais nos impactaram por aqui. Com direito a dicas de séries e livros, tudo separado por emoção! Está imperdível! <3
Tristeza em 2021
Como em 2021 não nos faltaram notícias tristes, comecemos pela tristeza. Podemos ler essas notícias com a intenção de tornar nossos corações ainda mais abertos e praticar compaixão!
Paulo Gustavo: uma vida que representa todas as outras
Ninguém passou ileso pela morte de Paulo Gustavo, um dos maiores ícones do Brasil. As palavras a seguir são do psicanalista Christian Dunker: “A vida e a trajetória de Paulo Gustavo vai entrar naquele lugar que de certa forma a gente estava precisando, da grande metáfora para o processo de enlutamento brasileiro. A gente tinha números, curvas, disputas. Mas esta é a aquela vida que representa todas as outras que você acompanhou no dia a dia, na luta dele. Ademais, é um homem que fazia papel de mulher, é uma indeterminação de identidade, pode ser qualquer um que se coloca ali como ‘Dona Hermínia'”.
→ Link para assistir ao vídeo AQUI
Uma tristeza sem fim: Brasil no mapa da fome
“Fome: uma sensação desconfortável ou dolorosa causada por energia insuficiente advinda da alimentação. Privação de alimentos; não comer calorias suficientes.” [essa definição está no site da Unicef, na apresentação do relatório da ONU]
Depois de lermos essa definição, a notícia fica ainda mais arrasadora: quase 50 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar, quase 18 milhões passam fome.
→ Leia mais sobre isso AQUI:
→ Se quiser ajudar pessoas e projetos que lutam parar combater a fome:
“Marília, era pra sofrer só nas músicas”
Essa frase viralizou no Twitter e representa o tamanho do luto coletivo que foi perder Marília Mendonça, a cantora que trouxe tom de voz feminino para o sertanejo (e tudo que ele representa).
→ Os melhores clipes da cantora de 2019 NESTE LINK:
Um sensível (e triste) retrato de 2021
Como disse Oliboni, esta charge do Montanaro é para os fortes.
Uma série para contemplar o sofrimento e abrir o coração
Maid está, sem dúvida, entre as melhores coisas que a Netflix fez em 2021. A série é sobre a vida de Alex, uma mãe que vive um relacionamento abusivo, mas essa história poderia ser contada por tantas outras mulheres.
→ O trailer já é lindo
Quem não tá p*, tá triste**
Aqui um episódio que fizemos este ano dentro da série “Casos emocionais” do nosso podcast e que dá o tom de 2021: quem não ficou bravo, ficou triste (e vice-versa). Ouça “O choro da raiva” no Spotify ou buscando por “o podcast das emoções” e entenda o que a raiva tem a ver com a tristeza.
Para conquistar a alegria, deve-se encarar a tristeza
“É fundamental saber que uma canção triste, ou a tristeza de que se origina uma canção triste, pode ser ao mesmo tempo e sobretudo algo alegre e afirmativo. E que, da mesma forma, uma canção alegre pode ser ao mesmo tempo algo triste: há sempre certa tristeza nas criações fracas, a tristeza de uma alegria forçada, sem base, como um cheque sem fundos.”
Um trechinho do livro Banalogias, de Francisco Bosco.
Um livro sobre tristeza
Tristeza, amor e abertura, de Chökyi Nyima Rinpoche é, especialmente, um livro sobre felicidade: como a tristeza é caminho para sabedoria, compaixão e coração aberto.
Alegria em 2021
2021 foi puxado, sim. Mas tivemos também algumas tantas alegrias. Vamos relembrá-las!
Viva o SUS, viva a ciência, viva vacina
Não tem como deixar de celebrar uma vacina desenvolvida em tempo recorde em meio ao maior desafio mundial que vivemos nos últimos 100 anos. Aqui no Brasil ela chegou na imagem de Mônica Calazans, enfermeira da UTI do hospital Emílio Ribas: “Todo mundo pergunta pra mim: ‘Você tem medo?’. Eu não posso ter medo. Se eu tiver medo, eu não cuido do próximo. E do que o próximo precisa hoje? De humanização, de solidariedade, de carinho… É disso que ele precisa. E é isso que eu ofereço para quem me procura.”
→ Para rever entre AQUI
O ouro e a alegria contagiante de Rebeca Andrade
Como se não bastasse conquistar prata no individual geral, Rebeca Andrade levou medalha de ouro no saltos nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Primeira medalhista olímpica feminina da ginástica artística brasileira, viva!
→ Veja de novo AQUI
O entusiasmo de Rayssa Leal
A “fadinha do Skate” conquistou a medalha de prata e deu aula de apreciação ao celebrar e ainda torcer por outras atletas durante os jogos.
→ Melhores momentos em vídeo
Caetano Veloso no Washington Post
“Meu coco”, novo álbum de Caetano Veloso, está entre os 10 melhores de 2021 pelo Washington Post. Já ouviu?
“Cada dia é uma sobremesa”
Esse documentário é de 2020, mas só descobrimos em 2021. Conta a história de Andor Stern, sobrevivente brasileiro de Auschwitz, que dá uma aula de apreciação em 12 minutos. Vale cada segundo do seu tempo!
Felizes para sempre? Existe isso?
Um episódio comentando o delicioso clichê do final feliz dos filmes de comédia romântica. Ai ai.
Cabe alegria em uma realidade tão dura?
Fizemos esse vídeo reunindo pequenas alegrias. Um baita treino de apreciação em tempos tão difíceis:
Uma série para dar risada
The good place parece uma série bem boba mas é, na verdade, um bom retrato da vida. Sabe aquela história de “você colhe o que planta”? Pois a série encontra um jeito leve e divertido para falar sobre isso.
→ Para assistir ao trailer
Quando o chocolate acaba, um livro de Lama Yeshe
“O chocolate, como todos os nossos prazeres e todos os nossos problemas, é impermanente — o chocolate vem, o chocolate vai, o chocolate desaparece. É natural. (…) Todos os prazeres transitórios são assim — e se a sua busca por felicidade faz com que você se apoie emocionalmente no mundo dos sentidos, haverá muito sofrimento.”
Medo em 2021
Segundo ano de pandemia seria impossível não chegarmos bem perto do medo. Vamos voltar em algumas notícias que nos ajudam a contemplar essa emoção.
“O medo se espalha no Afeganistão”
Não teve uma notícia mais assustadora que essa: em agosto de 2021, o Talibã voltou a tomar o poder no Afeganistão. Os relatos são avassaladores: “Estou sentada aqui esperando que eles venham. Não há ninguém para ajudar a mim ou minha família. Estou apenas sentada com eles e meu marido. E eles virão atrás de pessoas como eu e me matarão. Eu não posso deixar minha família. E, de qualquer maneira, para onde eu iria?” [Zarifa Ghafari]
→ O vídeo mais impactante AQUI
→ Um bom resumo do que aconteceu AQUI
Quanto de coragem é preciso para ir contra a realeza britânica?
A saída oficial da realeza foi polêmica e talvez vaidosa. Não podemos negar que foi também corajosa a entrevista de Meghan e Harry com Oprah Winfrey, contando altas fofocas da família real.
→ Assista ao vídeo completo [em inglês] AQUI
Quantas ondas mais dentro de um tsunami?
Se tem uma coisa quase unânime entre todos os seres humanos vivos em 2021, é o desejo de poder voltar a conviver com outros humanos (não só uma bolha restrita de pessoas). E, a cada nova variante, sentimos um medinho de termos que voltar ao casulo. Não é? Parece que muitos especialistas concordam que teremos períodos mais abertos e outros mais fechados, mas a verdade é que essa ainda é uma realidade desconhecida. Enquanto não sabemos como será, torcemos daqui para que a Ômicron pegue leve.
Round 6: será que vamos sobreviver ao capitalismo?
Série sul-coreana sobre um grupo de pessoas desesperadas por dinheiro que recebem um misterioso convite para participar de jogos competitivos inspirados em brincadeiras infantis. Prepare-se para sentir medo da máquina de moer gente em que (uns muito mais, uns muito menos) estamos inseridos.
→ Já dá para sentir no trailer
A intuição descartada do medo
Neste episódio do podcast das emoções, falamos sobre como o medo é uma emoção importantíssima, que nos envia sinais de que estamos em perigo.
Medo bobo e infantil?
Será que você lembra como era senti-lo? Liv Ullmann conta uma história muito graciosa de medo na infância em seu livro de memórias.
Virtudes do medo, um livro de Gavin Becker
Especialista (na teoria e na prática) em previsão e prevenção da violência, Gavin de Becker nos mostra as virtudes tão esquecidas dessa emoção dolorosa. Ao mesmo tempo, mostra que os estados associados como a ansiedade e a preocupação são não só dispensáveis como nocivos. Nos confundem e nos afastam da inteligência do medo. Neste link aqui embaixo você baixa o livro gratuitamente.
Raiva em 2021
Hoje vamos relembrar alguns acontecimentos que nos permitem olhar para a raiva!
Se essa notícia não é gatilho de raiva, o que mais seria?
A revista Forbes divulgou, em agosto, a lista dos 40 novos bilionários no brasil. A notícia por si só não seria gatilho de raiva, se ela não deixasse tão clara a desigualdade de renda no nosso país: “A pandemia da Covid-19 tem acentuado os extremos econômicos no Brasil, transformando mais pessoas em bilionárias, enquanto empurra outras milhões para a miséria. Na quinta-feira, 27, a Forbes, revista estadunidense de negócios e economia, anunciou que 40 novos brasileiros conquistaram o primeiro bilhão de reais em 2021. Do lado oposto, o número de pessoas vivendo abaixo da linha chegou a 27 milhões, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).” [fonte: site UOL]
→ Carta aos 40 novos bilionários
“A raiva é uma febre alta”
Esse é o título que Isabella deu a um texto que escreveu ao comentar a triste cena de raiva de um casal no aeroporto de São Paulo. Essa cena é muito tocante porque poderíamos cair exatamente nesse lugar de raiva incontrolável. Se lembrarmos disso, fica impossível apontar algum dedo. Ao mesmo tempo, sabemos que a atitude violenta não é legal. Podemos assistir a esse vídeo com a motivação de gerar compaixão e querer começar a treinar nossas mentes para quando a raiva chegar assim tão forte.
→ Poderíamos cair AQUI
→ O texto está AQUI
→ E um episódio bom para observarmos a raiva é o “Perdendo as estribeiras”, do podcast das emoções:
Uma raiva envelhecida na iminência de sair da hibernação
“Mirela aperta os dentes com força e subitamente percebe em si uma raiva já envelhecida, enferrujada, mas sempre na iminência de sair da hibernação na qual nunca chega de fato a entrar, um estofado raivoso por dentro das juntas, das veias, e percebe então que poderia, tão naturalmente quanto ceder assento a uma mulher grávida, abrir caminho por entre aquela gente lotada que empurraria para os lados e por quem passaria até chegar àquele homem…”. Um trechinho de perder o ar de Copo Vazio, de Natalia Timerman.
Com raiva a gente não dorme
Você já tentou dormir depois de assistir a um episódio de La casa de papel? Toda a saga do Professor começa a partir de uma raiva, a ação desse grupo de ladrões que aprendemos a adorar é uma resposta a um sistema que só serve para aumentar uma coisa: a desigualdade. É claro que não dá para defendê-los, eles fazem coisas horríveis movidos por essa emoção. Mas não dá para negar: a energia da raiva é pulsante!
→ Trailer da temporada final
Sinta raiva, um livro do Dalai Lama
Neste livro, que aborda especificamente o tema da desigualdade social, Dalai Lama traz uma perspectiva muito humana sobre a raiva que vem da impotência de olhar um mundo tão desigual. Dalai Lama defende que devemos senti-la com a intenção de que possamos agir a partir dela, mas por compaixão — e não simplesmente tomados por sua potência avassaladora.
Por este ano está bom, né? Se você lembrar de notícias que esquecemos de trazer, escreva aqui nos comentários! Que em 2022 possamos cultivar espaço para tantas emoções! <3
o curso das emoções
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