Precisamos quebrar a apatia climática

Precisamos quebrar a apatia climática
Alex Prager

Em janeiro deste ano, conversamos com Emersom Karma Kontchog sobre a crise ambiental, suas causas e seus impactos em nosso cotidiano e em nossas emoções. Transcrevemos aqui neste texto um pequeno trecho deste vídeo que vale cada minuto do seu tempo.

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Quem é Emersom Karma Kontchog?

Emerson é monge budista, ex-jornalista e ativista ambiental. Escreve sobre emergência climática e ecológica para tentar reverter o processo avançado de autodestruição em que nos encontramos.

Como a crise climática impacta nosso mundo emocional?, por Emersom Karma Kontchog

Esse silêncio (climático) tem tudo a ver com a dor, com evitar a dor. É basicamente isso. Essa é uma coisa que se fala muito no Trabalho que reconecta, da Joana Macy. Ela diz assim: por que as pessoas têm apatia em relação à devastação do mundo? Por que ninguém faz nada? Por que as pessoas se fecham? E Joanna Macy percebeu que a raiz da palavra “apatia” é algo como ‘não sofrer’. Então é daí que vem a apatia: as pessoas não querem sofrer, porque olhar para isso dói. Olhar para isso é horroroso. A gente não quer ver nada horroroso. Já basta aquilo que temos que ver todo dia.

As pessoas realmente se fecham, é natural. Não tem nada de errado nisso, em não querer sofrer. Por exemplo, pessoas que estudam a empatia descobriam que existe um fenômeno que eles chamam de contágio emocional. Quando vemos alguém sofrendo, automaticamente começamos a sofrer. A reação instantânea, não hábil, é se fechar para o sofrimento do outro. E isso porque a gente também não quer sofrer.

Uma das principais maneiras de lidar com isso é acessar nosso próprio altruísmo natural, nossa compaixão natural que já está ali. Quando acessamos isso, não é algo que tem que ser aprendido ou que vem de fora. Nós já temos, só precisamos aprender a acessar. E isso é o quê? Um impulso natural de fazer o que estiver dentro do nosso alcance para poder ajudar.

Quando a gente acessa isso já não há mais o contágio emocional, já vem essa compaixão genuína que atinge uma natureza maior. É como se fosse uma fonte de energia incessante.

Cena do filme Não olhe para cima, em que Randall Mindy está claramente emocionado

A melhor maneira que eu vejo para lidar com essa apatia é, primeiro, não se fechar. Sim, realmente é horroroso, realmente dói. Mas se a gente se fechar, a gente nega o problema — é uma forma de negacionismo sutil.

Quando se fala em emoções relacionadas ao colapso ambiental, quase sempre só falamos em emoções negativas. Tem a ansiedade, depressão, medo, negação, alienação… Agora a grande questão é que existem emoções positivas também. Todo mundo gosta de ser sentir unido com a natureza, olhar a beleza dos animais, do encadeamento de toda a teia da vida… Todo mundo gosta de sentir isso, dessa sensação de expansão, de ir além do próprio impulso egoísta, se conectar com algo maior. Agora a questão é:

quando a gente se fecha para a dor, a gente se fecha para para essa natureza maior também.

Abrir-se para a própria dor, para o horror e desconforto, é a ponte mais direta para nos conectarmos com essa natureza maior que perdemos.

Para saber mais sobre o trabalho do Emersom →

o curso das emoções

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