Fizemos uma pesquisa chamada “Tudo que você gostaria que seu RH soubesse”, que investiga 4 pontos essenciais para a saúde emocional no trabalho: burnout, relações, sentido do trabalho e empresa dos sonhos. A partir desta pesquisa, estamos fazendo uma série de podcasts, de mesmo nome. O segundo episódio foi sobre relações, com Gustavo Gitti! Uma fala de coração, que vai direto ao ponto
Para o podcast sobre sentido, nossa pesquisa fez uma pergunta importante:
Vamos supor que do dia para a noite você passasse a ganhar uma quantia suficiente para viver com conforto e não precisasse mais trabalhar. O que você faria?
Os números da pesquisa nos dizem algo interessante sobre a humanidade: todos nós queremos ser úteis! Isso vale até mesmo para os mais pessimistas e desiludidos. Os números apontaram o seguinte:
1) Quase 60% das pessoas disseram que, se não precisassem do dinheiro para trabalhar, elas não parariam de trabalhar, mas sim mudariam de trabalho; 2) 11,3% das pessoas disseram que continuariam trabalhando exatamente no mesmo lugar em que estão; 3) E o mesmíssimo número, 11,3%, disseram que parariam de trabalhar.
Nessa pergunta deixamos uma opção ao final em que a pessoa poderia responder de forma aberta alguma opção que não havíamos listado. Os relatos são de tocar o coração: tem gente que iria estudar psicologia para ajudar as pessoas, tem os que fariam só trabalhos voluntários, os que comprariam um sítio para venderem orgânicos e aqueles que se dedicariam mais aos filhos.
Não é perfeito isso? O ser humano tem uma bondade fundamental, nós realmente queremos ser úteis no sentido mais bonito desta palavra: oferecer, ajudar os outros, fazer algo que impacte positivamente a vida das pessoas.
Mas aí a gente volta para a vida real, que acontece fora de um formulário do Google. E nessa vida ainda não ganhamos na loteria, precisamos acordar cedo e trabalhar na mesma empresa. Será que dá para ser útil exatamente agora? Aparentemente, sim, mas talvez tenhamos que rever nossa definição de utilidade.
Cortland Dahl, que citei por aqui algumas vezes, liderou uma pesquisa sobre propósito e descobriu algumas coisas importantes:
1) Existem muitas ligações entre propósito, bem-estar emocional e saúde física. 2) Termos esse senso de propósito tem menos a ver com o que a gente faz e mais em como a gente faz. Para explicar isso ele fala sobre como, ao pensarmos sobre coisas que nos deixam verdadeiramente felizes, sempre lembramos de grandes feitos: uma viagem, o nascimento de uma criança, uma mudança na vida… mas esses momentos são raros e, se conectarmos nosso senso de propósito só a isso, vamos perder grandes oportunidades no cotidiano.
Sentido do trabalho na prática
Para esse terceiro episódio do podcast, convidamos o professor Ricardo Frugoli, fundador do pão do povo da rua, um projeto social maravilhoso que leva comida e dignidade para moradores de rua no centro de São Paulo.
Um exemplo vivo de amor e compaixão, que luta diariamente para apoiar a vida de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. Além de oferecer o “pão”, o projeto emprega ex-moradores de rua, oferece casa para alguns e tem um programa de acompanhamento para cuidar da saúde mental dessas pessoas. É maravilhoso!
“Quando aparece a nossa kombi amarela, buzinando… Eu que criei o buzinaço porque eu sabia que estava chegando com alegria. Estava chegando com a possibilidade de mudança, mesmo que fosse naquele instante. Nós anunciamos que tem comida boa. Que tem comida boa, segura e com dignidade, à disposição de quem está lá esperando.”
Professor Ricardo Frugoli, no terceiro episódio do podcast da serie “tudo que você gostaria que seu RH soubesse”
Veja alguns trechinhos do podcast:
O custo mensal do projeto do professor Ricardo Frugoli está em 110 mil reais por mês (desses, apenas 20 mil vêm do apoio de uma empresa). Ele atende diariamente a fome do centro de São Paulo e também emprega 16 pessoas que deixaram as ruas e estão cheias de sentido em suas vidas. Para se manter, o projeto precisa de nós! Para ajudar, o Pix é o Cnpj: 31721081000142
Ouça aqui o segundo episódio da série, com Gustavo Gitti:
“Eu atuava como gerente numa área que roda 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Por mais que haja planejamento, essa área exige que fiquemos antenados e à disposição todos os dias. Não obstante as dificuldades, ainda existem as pressões por segurança, indicadores, custos, gestão de pessoas, desenvolvimento de carreira, e principalmente, resultados. Esse contexto por si só já nos faz pensar: isso é tudo que a vida oferece pra gente? Foi nessa fase em que sofri um assalto a mão armada com meus dois filhos pequenos. Fui abordado na rua de casa e, no momento, tive que manter a calma e pedir para que o assaltante aguardasse as crianças saírem do carro. Tudo isso com uma arma apontada pra minha cabeça. No final tudo acabou bem. Mas é aqui que começa o problema: depois de 2 dias do assalto, me caiu a ficha do que poderia ter ocorrido. Então, na mesa do trabalho percebi que não tinha a menor condição de ficar alí. Agendei de urgência uma consulta com uma médica psiquiatra e pedi um afastamento do trabalho. Fiquei 15 dias com o celular desligado e percebi o quanto a vida é maior do que nosso trabalho. Percebi a importância de acordar e respirar profundamente, olhar para o céu e as nuvens. Depois de 15 dias voltei ao trabalho. No começo alguns colegas perguntaram se estava tudo bem, logo depois não se falava mais sobre nada. Continuei fazendo acompanhamento psicológico e, quando mencionava que precisava me ausentar para as sessões, a resposta era um silêncio absoluto do meu chefe. Ninguém sabia lidar com a questão, era claro o incômodo que eu causava por não estar naquele ritmo alucinante e priorizar meu bem-estar.”
Um dos inúmeros relatos que recebemos na nossa pesquisa
Saiba mais sobre o Pão do povo da rua aqui.