Dia desses, revi um trecho de uma fala do Dalai Lama, no Congresso Mind and Life de 2018. Ele dizia que apesar de nos últimos anos a vida ter se tornado mais fácil e confortável para muitas pessoas:
“Existe sofrimento, muito sofrimento, por causa das emoções. Estamos enfrentando uma crise das emoções.”
O vídeo com a fala completa (43 segundos de sabedoria!) vale muito a pena. Depois de contar sobre essa crise das emoções, Dalai Lama dá um carinhoso tapinha na mão de Richard Davidson, um dos maiores neurocientistas dos nossos tempos, e faz uma provocação:
“Se você puder remover essas emoções com uma cirurgia, aí eu vou relaxar!”.
Será que dá, gente? Que sonho ter logo essa pílula! Um truque fácil, uma intervenção cirúrgica pontual para que eu não mais precise lidar com a dor da raiva, da ansiedade, do medo… Será que tem uma vacina para as emoções? Depois de muitas risadas, Richard Davidson só responde balançando a cabeça: “Nós não podemos relaxar”. Que momento imperdível!
Se em 2018 Dalai Lama já percebia uma crise emocional, imagine agora! Em plena pandemia, bagunçados com a ausência dos nossos grupos, destroçados por um triste desgoverno, afobados pelos meses que ainda virão… Estamos de fato vivendo maus momentos em sociedade e não há como isso não se refletir em nossas emoções. Uma crise, pois.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Península em maio desse ano, com mais de 7 mil professores de todo o Brasil, apontou que 67% dos educadores afirmaram estar ansiosos. E recentes pesquisas que detalham como nossa saúde mental está prejudicada não param de chegar às mesmas conclusões.
Será que estamos fadados a esperar a vacina da Covid-19 e a vacina das emoções? Entre um remédio que anule nossas dores emocionais e a constatação de que estamos perdidos, tem outro jeito de olharmos para essa situação?
No podcast do Mind and Life, Richard Davidson dá a dica de ouro:
“… o bem-estar é uma habilidade. Eu acho que as evidências para isso são arrebatadoras. Como cultivar essa habilidade e que tipos de pessoas podem se beneficiar de quais tipos de estratégias, essas são questões que ainda estão na mesa. Mas o fato de que o bem-estar pode ser aprendido, para mim, neste ponto em que nos encontramos, é absolutamente incontestável.”
Uma luz no fim do túnel. Estamos sim, doloridos, mas o bem-estar genuíno é uma habilidade e que pode ser aprendida, treinada, aprimorada. Essa ideia é tão gigantesca que precisaria tomar os aviões de mensagens pelas praias brasileiras: “Ei, você aí tentando relaxar no final de semana, de máscara e biquíni, correndo na praia, presta atenção: o bem-estar é uma habilidade!”.
Ao realmente entendermos isso, não vamos mais precisar lutar contra o que sentimos. Nem tampouco acreditar em tudo que as emoções nos dizem. E o melhor: vamos notar que dá para ter bem-estar longe da praia, que nem precisamos esperar o final de semana! Já pensou?
o curso das emoções
Raiva, tristeza, medo, ansiedade, inveja e muito mais: no nosso curso online, investigamos um caminho para lidarmos com mais lucidez com as emoções dolorosas e inevitáveis. Vamos?
Tempos atrás, em meio à crises, eu procurava me desligar. Sim! Hoje consigo ver que minhas crises eram a busca pelo não sentir. Retirar como uma cirurgia. Hoje, após aprender tanto com vocês no curso das emoções e em textos tão incríveis, volto ao corpo, respiro, sinto, me observo. Penso ainda em desligar, mas aprendi que tem jeito de ser diferente e esse diferente é um caminho de muito amor. Gratidão por tanto!