“Quando temos um plano bem estabelecido e em prontidão para lidar com emoções perturbadoras, não há por que entrar em pânico.”
Dzogchen Ponlop Rinpoche
Já percebeu como, na teoria, é muito mais simples falar em não agir destrutivamente na hora da emoção? No entanto, alguém aqui já experimentou estar na fila do mercado lotado, às seis horas da tarde de uma segunda-feira, e ver um cidadão tentar passar na sua frente na maior cara de pau? Enlouquecedor, não?
Neste exato momento, a raiva faz brotar em nossas mentes todo tipo de argumento plausível para tacarmos a primeira lata industrializada na pessoa. Pensamos em chamar o gerente, queremos gritar pela polícia e temos a certeza de que aquele ser na nossa frente é a pior espécie que o Brasil abriga.
Tudo isso porque não é fácil perceber o vão que há entre nós e a emoção. Mesmo que a gente vá agir nesse momento (afinal, a pessoa que fura fila precisa de um feedback da realidade que aquilo que ela está fazendo não é nada legal)… Ainda assim, podemos agir de um lugar com mais clareza.
Muito melhor chamar o gerente sem gritar ou até explicar para a pessoa que a fila começa lá atrás, sem ironia ou grosseria. Argumentar e agir com justiça, com uma base sólida, mesmo observando a emoção que tenta me arrastar… Eu não sei vocês, mas esse é o tipo de pessoa que eu desejo ser! Tanto!
Como lidar?
Na aula da última semana, de um curso que estamos oferecendo em São Paulo, falamos longamente sobre a raiva. Como já passamos da metade desse curso, ficou muito nítido como a base de relaxamento, atenção e compaixão que construímos em tantos encontros nos ajudou a aprofundar muito nossa conversa.
Não falamos em melhorar nossa raiva única e exclusivamente por nós mesmas… Falamos pelos outros, pelo bem dos que me cercam, pela possibilidade de sermos exemplos e de agirmos com muito mais clareza.
Encontro após encontro, investigamos como não ignorar a mensagem que as emoções nos passam. Sinto tanta raiva por quê? Como posso lidar com essa emoção antes, durante e depois? Como diz o grande Emicida no vídeo abaixo, como podemos fazer para que nosso ódio vire combustível, não estratégia?
Qual é o seu plano?
É nessas horas que a gente se pergunta: como manter equilíbrio emocional em meio ao caos do dia a dia?
A única saída é cultivar um equilíbrio que não dependa dos fatores externos. Se a gente se irritar a cada notícia, a cada boleto, a cada pessoa que tentar furar nossa fila no mercado… Que chance temos? Nenhuma! Vamos ser levados de novo e de novo. Pelo humor instável do chefe, pelo ciúme que brotou do namorado, pelas notícias do jornal…
Esse mundo está maluco, sim, e é bem bagunçado. Política, meio ambiente, educação, economia: escolha a sua área e terá motivos de sobra para se desequilibrar. Óleo nas praias do nordeste, homofobia, desastres ambientais, falta de diálogo nas famílias, trânsito caótico, pessoas mal educadas na fila do mercado… Já que isso é o que está posto, quero saber: qual é o seu plano? O que você tem feito para tentar se manter equilibrado entre tanta instabilidade?
Como na imagem que abre esse texto, do artista Sage Barnes, me vejo na exata situação do engravatado desolado: apalpando algo que não me parece sólido (mas que às vezes parece tanto que é). Algo que não consigo ver, mas que consigo, sim, sentir. Algo que está tão perto que mal consigo me distanciar.
Sou eu ali em cima tateando minha raiva, meu ciúme, minha inveja, meu desprezo… Assim mesmo, tudo meu, ainda sem vão algum. Meu pequeno plano para me manter um pouquinho sã passa por tocar essas emoções todas. Tenho tentado flertar minimamente com um certo relaxamento, com uma certa atenção, com um pouco de sabedoria e também de compaixão. Tudo isso por meio de práticas — e o bom é que elas estão disponíveis para quem quiser aprender.
E você? O que você pretende fazer para cultivar esse tal de equilíbrio emocional nesse mundo confuso? O que você já está fazendo? Como é isso? É simples? Difícil? Tem gente com você nesse caminho? Me conta?
equilíbrio emocional na sua empresa
Tem interesse em levar um curso sobre equilíbrio emocional para sua empresa ou escola? Nosso curso propõe um passo a passo para nos ajudar a cultivar bem-estar emocional no ambiente de trabalho e além dele.
Bonito texto.